2 - Parnasianismo, Simbolismo, Pré-Modernismo, Modernimo.

PARNASIANISMO (final do séc.XIX e inicio do séc.XX)

Movimento literário de origem francesa, que representou na poesia o espírito positivista e científico da época, surgindo no século XIX em oposição ao romantismo.

Características:

· Preocupação formal;

· Comparação da poesia com as artes plásticas, principalmente com a escultura;

· Referências a elementos da mitologia grega e latina;

· Preferência por temas descritivos (cenas históricas, paisagens);

· Enfoque sensual da mulher (davam ênfase na descrição de suas características físicas);

· Habilidade na criação dos versos;

· Vocabulário culto;

· Objetivismo;

· Universalismo;

· Apego à tradição clássica.

PARNASIANISMO NO BRASIL

No Brasil, o parnasianismo chegou na segunda metade do século XIX e teve força até o movimento modernista (Semana de Arte Moderna de 1922). As influências iniciais foram Gonçalves Crespo e Artur de Oliveira, este o principal propagandista do movimento a partir de 1877, quando chegou de uma estada em Paris. O parnasianismo surgiu timidamente no Brasil nos versos de Luís Guimarães Júnior (1880; Sonetos e rimas) e Teófilo Dias (1882; Fanfarras), e firmou-se definitivamente com Raimundo Correia (1883; Sinfonias), Alberto de Oliveira (Meridionais) e Olavo Bilac (1888; Poesias).

O prestígio dos poetas parnasianos, ao final do século XIX, fez de seu movimento a escola oficial das letras no país durante muito tempo. Os próprios poetas simbolistas foram excluídos da Academia Brasileira de Letras, quando esta se constituiu, em 1896. Em contato com o simbolismo, o parnasianismo deu lugar, nas duas primeiras décadas do século XX, a uma poesia sincretista e de transição.

Principais poetas ou escritores:

Além de Alberto de Oliveira, Raimundo Correia e Olavo Bilac, que configuraram a trindade parnasiana, o movimento teve outros grandes poetas no Brasil, como Vicente de Carvalho, Machado de Assis, Luís Delfino, Bernardino da Costa Lopes, Francisca Júlia, Guimarães Passos, Carlos Magalhães de Azeredo, Goulart de Andrade, Artur Azevedo, Adelino Fontoura, Emílio de Meneses, Augusto de Lima e Luís Murat.



SIMBOLISMO ( FINS DO SEC.XIX)



O simbolismo foi um movimento que se desenvolveu nas artes plásticas, teatro e literatura. Surgiu na França, no final do século XIX, em oposição ao Naturalismo e ao Realismo. Charles Baudelaire é seu principal representante na literatura.

Momento histórico:

Complexo momento de transição para o séc. XX:

· Europa a Itália e a Alemanha buscavam a unificação e reinava uma paz que foi usada na preparação para a Primeira Guerra Mundial;

· No Brasil começava a República e o movimento foi abafado pelos parnasianistas que dominavam a produção literária da época;

· 1ª GM e Rev. Russa - últimas manifestações simbolistas e primeiras modernistas;

· Origens estão no Sul (região marginalizada pela elite cultural), palco da Revolução Federalista (1893/1895)

· Revolta Armada (1893/1894) navios da Marinha (camada monárquica) em oposição ao governo Floriano;

· Floriano consolida a república apesar dos movimentos de revolta;

Características:

Esta poesia representa uma reação contra toda produção poética anterior.

· Nega Realismo e suas manifestações - contra materialismo, cientificismo e racionalismo;

· Valoriza as manifestações metafísicas e espirituais – subjetivismo;

· Eu = universo (também critica o eu “sentimentalóide” dos românticos);

· Buscam a essência do homem - alma (poesia de auto-investigação);

· Matéria x espírito, corpo x alma, sonho x loucura;

· Busca da purificação com o espírito atingindo regiões etéreas e integração com o espaço infinito (cosmos);

· Corpo = correntes que aprisionam a alma (libertação só pela morte);

· Primado do símbolo, valorização da metáfora, onde o símbolo é sugestão;

· Palavras transcendem significado - cheio de sinestesias, assonâncias e aliterações;

· Musicalidade do verso;

· “Poesia pura” - surge do espírito irracional, não-conceitual e contrária à interpretação lógica;

· Temática da consciência da degradação da vida.

O SIMBOLISMO NO BRASIL

Iniciado oficialmente em 1893, com a publicação de Missal (prosa poética) e Broquéis, de Cruz e Souza, considerado o maior representante do movimento no país, ao lado de Alphonsus de Guimarães, o Simbolismo brasileiro, segundo alguns autores, não foi tão relevante quanto o europeu. Em outras palavras, não conseguiu substituir os cânones da literatura oficial, predominantemente realista e parnasiana.

Principais artistas simbolistas

  • Cruz e Souz.
  • Alphonsus de Guimaraens.


PRE-MODERNISMO (1902 até 1922)



O Pré-Modernismo não pode ser considerado uma escola literária, mas sim um período literário de transição do Realismo/Naturalismo para o Modernismo. De caráter inovador, a maioria de seus membros não se enquadra como Modernistas por não terem sobrevivido o suficiente para participar ou terem criticado o movimento.

Momento histórico

· Bahia - Rev. de Canudos;

· Nordeste - Ciclo do Cangaço;

· Ceará - milagres de Padre Cícero gerando clima de histeria fanático-religiosa;

· Amazônia - Ciclo da Borracha;

· Rio de Janeiro - Revolta da Chibata (1910);

· Revolta contra a vacina obrigatória (varíola) - Oswaldo Cruz;

· República do café-com-leite (grandes proprietários rurais);

· Imigrantes, notadamente os italianos;

· Surto de urbanização de SP - greves gerais de operários (1917);

· Contrastes da realidade brasileira - Sudeste em prosperidade e Nordeste na miséria;

· Europa prepara-se para a 1ª GM - tempo de incertezas.

Características:

Apesar de alguns conservadorismos, são obras inovadoras, apresentando uma ruptura com o passado, com o academismo; a linguagem de Augusto dos Anjos, ponteadas de palavras "não poéticas" como cuspe, vômito, escarro, vermes, era uma afronta à poesia parnasiana ainda em vigor;

· A denúncia da realidade brasileira, negando o Brasil literário herdado de Romantismo e Parnasianismo; o Brasil não oficial do sertão nordestino, dos caboclos interioranos, dos subúrbios, é o grande tema do Pré-Modernismo;

· O regionalismo, montando-se um vasto painel brasileiro: o Norte e Nordeste com Euclides da Cunha; o Vale do Paraíba e o interior paulista com Monteiro Lobato; o Espírito do Santo com Graça Aranha; o subúrbio carioca com Lima Barreto;

· Os tipos humanos marginalizados: o sertanejo nordestino, o caipira, os funcionários públicos, os mulatos;

· Uma ligação com fatos políticos, econômicos e sociais contemporâneos, diminuindo a distância entre a realidade e a ficção.

Autores Pré-Modernistas:

Euclides da Cunha (1866 – 1909)

Foi colaborador do Jornal “O Estado de S. Paulo” e por conta disso, em 1887 foi para Canudos cobrir a rebelião.

Obras:

· Os Sertões (1902)

· Contrastes e Confrontos (1907)

· Peru versus Bolívia (1907)

· À Margem da História (1909 - obra póstuma)

Lima Barreto

Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 1881 no Rio de Janeiro e faleceu em 1922.

Algumas Obras:

· Triste Fim de Policarpo Quaresma (1915);

· Recordações de Escrivão Isaías Caminha (1909);

· Numa e a Ninfa (1915);

· Clara dos Anjos (1948);

· Histórias e Sonhos (1956 – contos);

· Bagatelas (1923 – crônicas).

Monteiro Lobato (1882 – 1948):

O maior nome da Literatura Infantil Brasileira.

Obras:

· Reinações de Narizinho

· Idéias de Jeca Tatu

· Urupês

· Cidades Mortas



Graça Aranha (Maranhão 1868 – RJ 1931):

Era membro da Academia Brasileira de Letras, porém criticou seu conservadorismo e ficou ao lado da nova geração de artistas que surgiram com a Semana de Arte Moderna em 1922.



Obras:

· Canaã (1902)

· Malazarte (1911)

· A estética da vida (1920)

· O espírito moderno (1925)

· A viagem maravilhosa (1929)

Além desses escritores podemos destacar também Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos, ou Augusto dos Anjos como é mais conhecido. Sua obra é marcada pelo pessimismo, pela angústia e pelo medo.É considerado um poeta de transição à procura de novos caminhos.

Falou sobre morte e decomposição da matéria usando um vocabulário cientifico.Sua obra está reunida no livro Eu (1912).

Século XX

MODERNISMO (1922-1930)

Foi um conjunto de movimentos culturais, escolas e estilos englobando as artes e o design da primeira metade do século XX, cujo objetivo era o rompimento com o tradicionalismo (parnasianismo, simbolismo e a arte acadêmica), a libertação estética, a experimentação constante e, principalmente, a independência cultural.

Momento histórico

· Início do século XX: apogeu da Belle Époque. O burguês comportado, tranqüilo, contando seu lucro. Capitalismo monetário. Industrialização e Neocolonialismo.

· Reivindicações de massa. Greves e turbulências sociais. Socialismo ameaça.

· Progresso científico: eletricidade. Motor a combustão: automóvel e avião.

· Concreto armado: “arranha-céu”. Telefone, telégrafo. Mundo da máquina, da informação, da velocidade.

· Primeira Guerra Mundial e Revolução Russa.

CARACTERÍSTICAS:

· Combate ao passadismo; contra os padrões clássicos e tradição.

· Irreverência contra o preestabelecido.

· Liberdade formal; versos livres; ausência de rima; liberação do ritmo; liberdade de estrofação.

· Linguagem coloquial, do dia-a-dia; regionalismo.

· Humor, ironia, paródia e poema-piada

. a busca do novo, original, dinâmico refletindo a industrialização, máquinas, motores.

· Sem enfeites e rebuscamentos; a simplicidade.

· Abstenção de uma postura sentimentalóide.

· Preocupação com a observação e análise crítica da realidade.

· Consciência nacional.

NO BRASIL:

Iniciou-se no Brasil com a SAM de 1922. Mas nem todos os participantes da Semana eram modernistas: o pré-modernista Graça Aranha foi um dos oradores. Apesar de não ter sido dominante no começo, como atestam as vaias da platéia da época, este estilo, com o tempo, suplantou os anteriores. Era marcado por uma liberdade de estilo e aproximação da linguagem com a linguagem falada.

1ª fase ou fase heróica (1922-1930):

É a fase mais radical justamente em conseqüência da necessidade de definições e do rompimento de todas as estruturas do passado. Caráter anárquico e forte sentido destruidor.

Um mês depois da SAM, a política vive dois momentos importantes: eleições para Presidência da República e congresso (RJ) para fundação do Partido Comunista do Brasil. Ainda no campo da política, surge em 1926 o Partido Democrático que teve entre seus fundadores Mário de Andrade.

Principais autores desta fase: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Manuel Bandeira, Antônio de Alcântara Machado, Menotti del Picchia, Cassiano Ricardo, Guilherme de Almeida e Plínio Salgado.

Segunda Fase do Modernismo ou Fase de Consolidação (1930-1945):

É caracterizado pelo predomínio da prosa de ficção. A partir deste período, os ideais difundidos em 1922 se espalham e se normalizam, os esforços anteriores para redefinir a linguagem artística se une a um forte interesse pelas temáticas nacionalistas, percebe-se um amadurecimento nas obras dos autores da primeira fase, que continuam produzindo, e também o surgimento de novos poetas, entre eles Carlos Drummond de Andrade.

Terceira Fase do Modernismo (1945-1960);

Alguns estudiosos consideram a fase de 1945 até os dias de hoje como Pós-Modernista, no entanto,alguns estudiosos tratam como Terceira Fase do Modernismo o período compreendido entre 1945 e 1960 e como Tendências Contemporâneas o período de 1960 até os dias de hoje. Nesta terceira fase, a prosa dá seqüência às três tendências observadas no período anterior – prosa urbana, prosa intimista e prosa regionalista, com uma certa renovação formal; na poesia temos a permanência de poetas da fase anterior, que se encontram em constante renovação, e a criação de um grupo de escritores que se autodenomina “geração de 45”, e que buscam uma poesia mais equilibrada e séria, sendo chamados de neoparnasianos.

Principais representantes do Modernismo:

Euclides da Cunha, Monteiro Lobato, Lima Barreto, Augusto dos Anjos, Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Alcântara Machado, Manuel Bandeira, Cassiano Ricardo, Carlos D. de Andrade, Cecília Meireles, Vinicius de Morais, Murilo Mendes, Graciliano Ramos, Rachel de Queiroz, Jorge de Lima, José Lins do Rego, Thiago de Mello, Ledo Ivo, Ferreira Gullar, João Cabral de Melo Neto, Clarice Lispector, Guimarães Rosa, Olavo Bilac, Menotti Del Picchia, Guilherme de Almeida, Ronald de Carvalho, Ribeiro Couto, Raul Bopp, Graça Aranha, Murilo Leite, Mário Quintana, Carlos Drummond de Andrade, Jorge Amado, Érico Veríssimo.