1 - Quinhentismo, Barroco, Arcadismo, Romantismo, Realismo, Naturalismo.

Periodo colonial

QUINHENTISMO (séc. XVI)

Representa a fase inicial da literatura brasileira, pois ocorreu no começo da colonização. Possue idéias relacionadas ao Renascimento (termo usado para indicar o período da historia do mundo ocidental no fim do século XIII e meados do século XVII, que vivia o seu apogeu na Europa.

Faz parte dessa fase a literatura jesuíta ou de catequese. Seu representante: Padre José de Anchieta, com seus poemas, autos, sermões, cartas e hinos. O principal objetivo do padre, com sua produção literária, era catequizar os índios brasileiros. Outro representante desta época é Pero Vaz de Caminha, o escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral. Através de suas cartas e seu diário, elaborou uma literatura de Informação (de viagens) sobre o Brasil. O objetivo de Caminha era informar o rei de Portugal sobre as características geográficas, vegetais e sociais do Brasil.

LITERATURA DE INFORMAÇÃO

Segmento do Quinhentismo.

É a denominação das manifestações ocorridas em território brasileiro durante o século XVI.

Características básicas:

  • Padrões estéticos medievais, principalmente nas crônicas de viagem (textos produzidos neste momento histórico e encaminhados a Portugal e Espanha).
  • Registro do impacto da nova terra sobre o europeu (descobridor-observador)

Principal representante: Pero Vaz de Caminha (1450-1500) com sua carta a El-Rei Dom Manuel sobre o descobrimento do Brasil.

Outros representantes: Pero de Magalhães Gândavo, Manuel da Nóbrega, José de Anchieta, Gabriel Soares.

BARROCO (séc. XVII)

Momento histórico:

O barroco se desenvolve no seguinte contexto histórico: após o processo de Reformas Religiosas, ocorrido no século XVI, a Igreja Católica havia perdido muito espaço e poder. Mesmo assim, os católicos continuavam influenciando muito o cenário político, econômico e religioso na Europa. A arte barroca surge neste contexto e expressa todo o contraste deste período: a espiritualidade e teocentrismo da Idade Média com o racionalismo e antropocentrismo do Renascimento.

Principais características:

  • Linguagem dramática: exagero no uso de figuras de linguagem, hipérboles (exagero numa idéia expressa. Ex: Rios te correrão dos olhos, se chorares!), metáforas (substituição de um termo por outro, criando uma dualidade de significado. Ex: Amor é um fogo.), anacolutos (frase quebrada-irregularidade gramatical. Ex: Eu, também me parece que as leio, mas vou sempre dizendo que não.) e antíteses (exposição de idéias opostas. Ex: “Já estou cheio de me sentir vazio”. Renato Russo);
  • Culto exagerado da obra;
  • Dualismo de idéias;
  • Culto do contraste (bem-mal, Deus-Diabo...);
  • Literatura moralista;
  • A busca da novidade e da surpresa, o gosto da dificuldade;
  • O índio como tema literário.

O BARROCO BRASILEIRO

Marco inicial no Brasil: poema épico Prosopopéia, de Bento Teixeira (1601).

O barroco brasileiro foi diretamente influenciado pelo barroco português, porém, com o tempo, foi assumindo características próprias. A grande produção artística barroca no Brasil ocorreu nas cidades auríferas de Minas Gerais, no chamado século do ouro (século XVIII). Estas cidades eram ricas e possuíam uma intensa vida cultura e artística em pleno desenvolvimento. O principal representante do barroco mineiro foi o escultor e arquiteto Antônio Francisco de Lisboa também conhecido como Aleijadinho. Suas obras, de forte caráter religioso, eram feitas em madeira e pedra-sabão, os principais materiais usados pelos artistas barrocos do Brasil. Podemos citar algumas obras de Aleijadinho: Os Doze Profetas e Os Passos da Paixão, na Igreja de Bom Jesus de Matozinhos, em Congonhas

Principais autores: Gregório de Matos (1636-1696), Bento Teixeira (1561-1618), Manuel Botelho de Oliveira (1636-1711), Padre Antonio Vieira (1608-1697), frei Manuel de Santa Maria Itaparica (1704-1768).

O período final do barroco (século XVIII) é chamado de rococó e possui algumas peculiaridades, embora as principais características do barroco estão presentes nesta fase. No rococó existe a presença de curvas e muitos detalhes decorativos (conchas, flores, folhas, ramos). Os temas relacionados à mitologia grega e romana, além dos hábitos das cortes também aparecem com freqüência.

NEOCLASSISMO OU ARCADISMO

Surgimento:

O Arcadismo é uma escola literária surgida na Europa no século XVIII. O nome dessa escola é uma referência à Arcádia (morada do deus Pan), região bucólica do Peloponeso, na Grécia, tida como ideal de inspiração poética. No Brasil, o movimento árcade toma forma a partir da segunda metade do século XVIII.

Momento histórico:

Na Inglaterra e na França surge, em meado do século XVIII, uma burguesia que passa a dominar economicamente o estado, através de um vasto comércio ultramarino e da multiplicação de estabelecimentos bancários, assenhorando-se de uma parte da agricultura.

A velha Nobreza arruina-se; a burguesia européia e seus valores sociais, políticos e religiosos se alastram.

Principais características:

  • Valorização da vida bucólica e dos elementos da natureza;
  • Crítica a vida nos centros urbanos;
  • Uso de apelidos;
  • Idéias iluministas;
  • Revalorização da cultura clássica;
  • Convencionismo amoroso;
  • Idealização do Sexo;
  • Objetivismo;
  • Sátira Política;
  • Linguagem Simples;
  • Uso dos Versos decassílabos, sonetos e outras formas clássicas;
  • Presos à estética e à forma.

O ARCADISMO NO BRASIL


No Brasil, o Arcadismo teve início no ano de 1768,
com a publicação do livro “Obras” de Cláudio Manuel da Costa. Desenvolve-se na segunda metade do século XVIII, em pleno auge do ciclo do ouro na região de Minas Gerais. É também neste momento que ocorre a difusão do pensamento iluminista, principalmente entre os jovens intelectuais e artistas de Minas Gerais. Desta região, que fervia culturalmente e socialmente nesta época, saíram os grandes poetas.

As principais características do arcadismo brasileiro:

· Crítica a vida nos centros urbanos (fugere urbem = fuga da cidade);

· Valorização da vida no campo;

· Uso de apelidos;

· Objetividade;

· Idealização da mulher amada;

· Abordagem de temas épicos;

· Linguagem simples;

· Pastoralismo;

· Fingimento poético.

Os principais autores árcades são: Cláudio Manoel da Costa, Tomás Antonio Gonzaga, Basílio da Gama, Silva Alvarenga e Frei José de Santa Rita Durão.

O arcadismo terminou em 1836 e, abriu as portas para o Romantismo.

Século XIX

ROMANTISMO (SEC. XIX).

O romantismo é todo um período cultural, artístico e literário que se inicia na Europa no final do século XVIII, espalhando-se pelo mundo até o final do século XIX.

Momento histórico:

O século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e culturais causadas por acontecimentos do final do século XVIII: Revolução Industrial, Revolução Francesa, Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.

O berço do romantismo pode ser considerado três países: Itália, Alemanha e Inglaterra. Porém, na França, o romantismo ganha força como em nenhum outro país e, através dos artistas franceses, os ideais românticos espalham-se pela Europa e pela América.

As características principais:

· Valorização das emoções;

· Liberdade de criação;

· Amor platônico;

· Temas religiosos;

· Individualismo, nacionalismo e história;

· Período fortemente influenciado pelos ideais do iluminismo;

· Pela liberdade conquistada na Revolução Francesa.

O ROMANTISMO NO BRASIL


Inicia-se em 1836 com a publicação, na França, da Nictheroy - Revista Brasiliense, por Gonçalves de Magalhães. Neste período, nosso país ainda vivia sob a euforia da Independência do Brasil. Os artistas brasileiros buscaram sua fonte de inspiração na natureza e nas questões sociais e políticas do país.


No ano de 1836 é publicado no Brasil Suspiros Poéticos e Saudades, de Gonçalves de Magalhães. Esse é considerado o ponto de largada deste período na literatura de nosso país. Essa fase literária foi composta de três gerações:

1ª Geração -conhecida também como nacionalista ou indianista. Características: valorizaram dos temas nacionais, fatos históricos e a vida do índio, que era apresentado como “bom selvagem" e, portanto, o símbolo cultural do Brasil. Escritores: Gonçalves de Magalhães, Gonçalves Dias, Araújo Porto Alegre e Teixeira e Souza.

2ª Geração - conhecida como Mal do século, Byroniana ou fase ultra-romântica. Características: retratavam os temas amorosos levados ao extremo e as poesias são marcadas por um profundo pessimismo, valorização da morte, tristeza e uma visão decadente da vida e da sociedade. Muitos escritores deste período morreram ainda jovens. Escritores: Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu e Junqueira Freire.

3ª Geração - conhecida como geração condoreira, poesia social ou hugoana. Textos marcados por crítica social. Castro Alves, o maior representante desta fase, criticou de forma direta a escravidão no poema Navio Negreiro.

O Romantismo durou 45 anos, terminando em 1881, com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis.

REALISMO (segunda metade do séc. XIX)

O Realismo é um movimento artístico surgido na França, e cuja influência se estendeu a numerosos países europeus. Esta corrente aparece no momento em que ocorrem as primeiras lutas sociais, sendo também objeto de ação contra o capitalismo progressivamente dominador.

O marco inicial do realismo na Literatura é o romance Madame Bovary, do francês Gustave Flaubert (1821-1880).

REALISMO NO BRASIL

No Brasil, o realismo marca mais intensamente a literatura e o teatro.

Literatura: O realismo manifesta-se na prosa. A poesia da época vive o parnasianismo. O romance é a principal forma de expressão, tornando-se veículo de crítica a instituições e à hipocrisia burguesa. A escravidão, os preconceitos raciais e a sexualidade são os principais temas, tratados com linguagem clara e direta.


O realismo atrai vários escritores, alguns antes ligados ao romantismo. O marco é a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis, que faz uma análise crítica da sociedade da época. Ligados ao regionalismo destacam-se Manoel de Oliveira Paiva (1861-1892), autor de Dona Guidinha do Poço, e Domingos Olímpio (1860-1906), de Luzia-Homem.

Teatro: Os problemas do cotidiano ocupam os palcos. O herói romântico é substituído por personagens do dia-a-dia e a linguagem passa a ser coloquial.


Os principais autores: Estão romancistas realistas como Machado de Assis, que escreve Quase Ministro, e alguns românticos, como José de Alencar, com O Demônio Familiar, e Joaquim Manuel de Macedo (1820-1882), com Luxo e Vaidade. Outros nomes de peso são Artur de Azevedo (1855-1908), criador de comédias
e operetas como A Capital Federal e O Dote. Outros escritores e dramaturgos: Artur de Azevedo, Quintino Bocaiúva e França Júnior.

Características:

  • Veracidade: Despreza a imaginação romântica;
  • Contemporaneidade: descreve a realidade;
  • Retrato fiel dos personagens: caráter, aspectos negativos da natureza humana;
  • Gosto pelos detalhes: Lentidão na narrativa;
  • Materialismo do amor: Mulher objeto de prazer/adultério;
  • Denuncia das injustiças sociais;
  • Determinismo e relação entre causa e efeito;
  • Linguagem próxima a realidade: simples,natural,clara e equilibrada.

Comparação Realismo X Romantismo

Realismo

Romantismo

Distanciamento do narrador

Narrador em primeira pessoa

Valoriza o que se é

Valoriza o que se idealiza e sente

Crítica direta

Crítica indireta

Objetividade

Sentimentos à flor da pele

Textos, às vezes, sem censura.

Textos geralmente respeitosos

Imagens sem fantasias, reais.

Imagens fantasiadas, perfeitas.

Aversão ao Amor platônico

Amores platônicos

Mistura de épico e lírico nos textos

Separação

Cosmopolita

Ufanista/Nacionalista

NATURALISMO

É a radicalização do Realismo.

Características:

1) Arte vinculada às novas teorias científicas e ideológicas européias (Evolucionismo, Positivismo, Determinismo, Socialismo, Medicina Experimental). Daí o outro nome do movimento, criado por Zola: romance experimental.

2) Todas as características do Realismo - menos a análise psicológica. Esta é substituída por variações deterministas que transformam os personagens em fantoches de destinos pré-estabelecidos.

3) Cientificismo sociológico e biológico. O sociológico é dado pelo determinismo do meio e do momento. O biológico pelo determinismo de raça e dos temperamentos e caracteres herdados.

4) Personagens patológicos. Para provar suas teses, os escritores naturalistas são obrigados muitas vezes a apresentar protagonistas doentios, criminosos, bêbados, histéricos, maníacos.

Semelhanças e diferenças entre Naturalismo e Realismo:

O Realismo e o Naturalismo apresentam semelhanças e diferenças entre si. O Realismo retrata o homem interagindo com seu meio social, enquanto o Naturalismo mostra o homem como produto de forças “naturais”, desenvolve temas voltados para a análise do comportamento patológico do homem, de suas taras sexuais, de seu lado animalesco.

O NATURALISMO NO BRASIL

As primeiras idéias renovadoras surgem na década de 1870, no Recife, através da ação de Tobias Barreto e Sílvio Romero.

Em 1881 aparecem O mulato, de Aluísio Azevedo e Memórias póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Ainda que não sigam de todo os modelos europeus, as obras são respectivamente consideradas as inauguratórias da estética naturalista e realista no país.

Semelhanças e diferenças entre Naturalismo e Realimo:

O Realismo e o Naturalismo apresentam semelhanças e diferenças entre si. O Realismo retrata o homem interagindo com seu meio social, enquanto o Naturalismo mostra o homem como produto de forças “naturais”, desenvolve temas voltados para a análise do comportamento patológico do homem, de suas taras sexuais, de seu lado animalesco.

Outros escritores brasileiros que merecem destaque: Adolfo Caminha, Inglês de Souza, Horacio de Carvalho, Julio Ribeiro e Raul Pompéia.