Ana Maria Machado

Jornalista, professora, pintora e escritora com mais de cem livros publicados, nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 24 de dezembro de 1941. Fundou a primeira livraria infantil no Brasil. Exerce intensa atividade na promoção da leitura e fomento do livro. Ocupa a Cadeira nº 1 da Academia Brasileira de Letras. Ana Maria recebeu muitos prêmios, entre eles o Hans Christian Andersen, o prêmio mais importante da literatura infantil. Seus livros já foram traduzidos em aproximadamente dezesseis países e já venderam alguns milhões de exemplares. Pela Global Editora tem publicado as seguintes obras: Brincadeira de Sombra, Eu Era Um Dragão, A Grande Aventura de Maria Fumaça, Maré Baixa, Maré Alta e Meu Reino por Um Cavalo e Califa Cegonha.

Cora Coralina

Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, que o mundo conhece como Cora Coralina, nasce em Vila Boa de Goiás (Goiás Velho) a 20 de agosto de 1889. Órfã de pai, chega apenas ao quarto "livro" do primário.
A mãe não gosta dessa coisa de estudo. Moça "sabida" não consegue marido. Aninha prefere ler a ir ao baile e, aos 14 anos, publica o primeiro conto. Para sossego de dona Jacinta, aos 22 anos a filha casa com Cantídio Bretas, juiz de direito, 44 anos.
O casal se muda para Avaré, interior de São Paulo. A esperada vida nova se torna martírio: "Ele tinha a tara do ciúme, de dia e de noite. (...) Era mais culto e eu, mais inteligente. Ele não me perdoava isso. Não pude me apegar a ele, porque ele não me deu nenhuma oportunidade."
Viúva aos 46 anos e com três filhos para criar (a mais velha já estava casada), Aninha arregaça as mangas. Vende livros, lingüiça caseira, banha de porco. Compra sítio em Andradina (SP) e trabalha na roça durante 16 anos. Filhos criados, tem fim a história de Aninha. Nasce Cora Coralina.
De onde tirou o nome? "Em Goiás, havia muitas Anas por causa da padroeira da cidade, Santa Ana. Não queria que nenhuma Ana mais bonita levasse as glórias da minha poesia. Cora vem de coração. Coralina é a cor vermelha. Cora Coralina é um coração vermelho. Minha intenção era não ter xará."
Em 1956, volta para sua Goiás. Vende doces para comprar a antiga casa da família. Objetivo atingido, pode finalmente dedicar-se apenas à poesia. Aos 75 anos, lança o primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Depois, Meu Livro de Cordel e Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha. É premiada e festejada. Produz material suficiente para mais três livros, editados postumamente. Morre a 10 de abril de 1985. De sua vida e obra, fica a lição de otimismo:

Nunca escreverei uma palavra para lamentar a vida. Meu verso tem cheiro dos currais: é a água corrente, é tronco, é fronde, é folha, é semente, é vida

Fernando Pessoa

Fernando (António Nogueira) Pessoa nasceu em 1888, em Lisboa. Em 1912, publicou seu primeiro artigo, "A nova poesia portuguesa sociologicamente considerada", na revista A Águia. Em 1914, escreveu os primeiros poemas dos heterônimos Alberto Caeiro, Álvaro de Campos e Ricardo Reis, aos quais daria personalidades complexas. Sob o nome de Bernardo Soares, Fernando Pessoa escreveu os fragmentos mais tarde reunidos em O livro do desassossego. No ano seguinte, com escritores como Almada Negreiros e Mário de Sá-Carneiro, lançou a revista de poesia de vanguarda Orpheu, marco do modernismo em Portugal e que daria grande projeção ao poeta. O único livro de poesia em português que publicou em vida foi Mensagem (1934), marcado pela visão mística e simbólica da história lusa. Fernando Pessoa morreu em 1935, em Lisboa.

Zibia Gasparetto

Zíbia Gasparetto (Campinas, 29 de julho de 1926) é uma escritora espiritualista e médium brasileira. De ascendência italiana, casou-se aos vinte anos de idade, por amor, com Aldo Luiz Gasparetto, com que teve quatro filhos, entre os quais o também médium, escritor e apresentador de televisão Luiz Antonio Gasparetto. Em 1950, já mãe de dois filhos, alega ter acordado certa noite sentido o corpo formigar. Levantou-se, passando a andar pela casa como um homem, falando em alemão, idioma que desconhecia. O marido, surpreendido e assustado, recorreu ao auxílio de uma vizinha que, ao chegar à residência da família, começou a rezar, voltando Zíbia ao normal. No dia seguinte, Aldo Luiz dirigiu-se a uma livraria, onde adquiriu O Livro dos Espíritos, e juntos, começaram a estudar a Doutrina Espírita. Aldo Luiz começou a freqüentar as reuniões públicas da Federação Espírita do Estado de São Paulo, mas Zíbia não tinha como acompanhá-lo, pois não tinha com quem deixar as crianças. Semanalmente, entretanto, faziam juntos um estudo no lar, período em que a médium diz que principiou a sensação de uma dor forte no seu braço direito, do cotovelo até à mão, que se mexia de um lado para o outro sem que a mesma pudesse controlá-lo. Aldo Luiz colocou-lhe um lápis e papel à frente, e tomando-os, Zíbia principiou a escrever rápidamente. Ao longo de alguns anos, uma vez por semana, foi psicografado desse modo, o seu primeiro romance, O Amor Venceu, assinado pela entidade denominada Lucius. Quando datilografado e pronto, a médium encaminhou-o a um professor de História da USP, que à época dirigia um grupo de estudos na Federação Espírita, solicitando-lhe uma opinião. Quinze dias mais tarde, o professor telefonou-lhe informando-a de que era ele quem escolhia os livros a serem publicados pela Editora LAKE, que a obra era boa e que desejavam publicá-la. Atualmente, a médium escreve pelo computador, quatro vezes por semana, em cada dia uma obra diferente.

Literatura Goiana - Parte VI

O sexto período da evolução de nossa literatura está em curso, em meio a grandes transformações em nosso meio sócio-econômico-cultural. A criação de duas universidades, e a Federal e a Católica (PUC), a fundação de Brasília, em 1960, representaram uma mudança no ambiente cultural. Surgiu o GEN (Grupo de Escritores Novos), propondo uma instauração estética intitulada de Práxis, por seu criador, o poeta Mário Chamie. Pontificaram neste movimento literário goiano escritores que viriam a se tornar representativos de nossa literatura, como Miguel Jorge, Heleno Godoy, Yêda Schmaltz, Carlos Fernando Magalhães, Luiz Araújo, Luiz Fernando Valadares e Geraldo Coelho Vaz.

A Editora Oriente, liderada pelos irmãos Taylor e José Oriente, publica centenas de títulos de autores novos e já consagrados. Surgem, neste período, nomes como Gabriel Nascente, Alaor Barbosa, Maria Helena Chein, Emílio Vieira, Eduardo Jordão, Ciro Palmerston, Marieta Telles Machado, Martiniano J. Silva, Brasigóis Felício, Delermando Vieira, Dionísio Pereira Machado, Salomão Sousa, Helvécio Goulart, Luiz de Aquino, Edival Lourenço, Helverton Baiano, Almáquio Bastos, Ubirajara Galli, Tagore Biram, Pio Vargas, Itamar Pires, Edir Meireles,Fausto Valle, Jaci Siqueira, Alice Spíndola,Ana Cárita, Diva Goulart, Kleber Adorno, Lygia Rassi, Ebert Vêncio, Celso Cláudio, Augusta Faro, Leda Selma, Maria Abadia Silva, Pedro Tierra, Edmar Guimarães e Valdivino Braz.


O Gen deu significativa contribuição à renovação e modernidade dos estilos literários, como assinalou a ensaísta Moema de Castro e Silva Olival, em seu livro Gen – um sopro de renovação em Goiás – editora Kelps 2000): “Foi, sem dúvida, um divisor de águas na vida literária de Goiás, um vento promissor: conhecer, discutir, confrontar para renovar.” Uma renovação colocada em xeque, pelo ensaísta Gilberto Mendonça Teles, que via no movimento de renovação praxista em Goiás um entusiasmo juvenil, sem consistência e maturidade. O tempo veio provar que o alarde feito em torno da dita “instauração práxis” era fogo fátuo (fogo de palha) de vez que os nomes do Gen, que vieram a se confirmar como nomes expressivos, deram, sim, uma contribuição notável, por sua participação no debate literário, mas as obras que escreveram posteriormente têm (felizmente) pouco ou nada a ver com a hermética proposta estética defendida por Mário Chamie. A confirmação como escritores veio de seu talento literário, não dos postulados estéticos defendidos com ruído e furor.

A criação da Fundação Cultural Pedro Ludovico, em substituição à Secretaria Estadual de Cultura deu maior impulso à literatura, com o Instituto Goiano do Livro, dirigido pela poetisa Yêda Schmaltz, criando coleções importantes, e instituindo concursos e oficinas literárias. A editora Kelps inicia intensa atividade editorial, publicando centenas de títulos de autores goianos, divulgando-os nas Bienais do livro, realizadas em São Paulo e no Rio de Janeiro. Na crítica literária destacam-se Gilberto Mendonça Teles, José Fernandes, Moema de Castro e Silva Olival, Maria Zaira Turchi, Vera Maria Tietzman e Darcy França Denófrio, dentre outros. Com três nomes consagrados, Bernardo Elis, José J. Veiga e Cora Coralina (sendo os dois últimos em nível internacional) Goiás tem notáveis personalidades na literatura, a exemplo de Paulo Nunes Batista, Valdemes Menezes, Braz José Coelho, Antônio José de Moura, William Agel de Mello, Gil Perini, Hilda Gomes Dutra Magalhães, Helena Sebba, Ercília Eckel, Adelice da Silveira Barros, Luiz Estevão, Francisco de Brito, Isócrates de Oliveira, Célia Coutinho Seixo de Brito, Anatole Ramos, César Baiochi, Hélio Rocha, Maria Terezinha Martins, Carmo Bernardes e Francisco Perna Filho.

Literatura Goiana - Parte V

O quarto período é a fase da transição literária, encontrando as mais variadas influências das escolas romântica, parnasiana, simbolista e moderna. É o período das grandes mudanças, enfatiza Gilberto Mendonça Teles, em A poesia em Goiás. Neste período vêm à publicação obras de João Accioly Barro preto, Derval de Castro páginas do meu sertão e Pedro Gomes, com Pito aceso. A poesia teve reduzida importância nesta fase. O quinto período, para GMT, inicia-se em 1942, com o Batismo Cultural de Goiânia, e a publicação da revista Oeste, indo até a realização, pela União Brasileira de Escritores de Goiás, da I Semana de Arte em Goiás, realizada em 1956.


Fato de grande importância foi a criação da Bolsa de Publicações Hugo de Carvalho Ramos, que teve Bernardo Elis como seu primeiro ganhador, com a obra Ermos e gerais. Em 1954, realizou-se em Goiânia o I Congresso Nacional de intelectuais, com a presença de personalidades conhecidas, de outros países, como o poeta Pablo Neruda. Lamentavelmente, Gilberto Mendonça Teles não atualizou seu livro A poesia em Goiás, quando da publicação de sua segunda edição, deixando assim de registrar um número expressivo de poetas, surgidos a partir de 1970. Muitos deles ganharam concursos de nível nacional e mesmo internacional, firmaram-se como grandes poetas, mas não estão referidos na segunda edição desta obra, o que diminui sua importância histórica.

A implantação do modernismo literário brasileiro, iniciada com Leo Lynce, teve continuidade com as obras de Bernardo Elis, José Décio Filho, José Godoy Garcia, Afonso e Domingos Félix de Sousa, além do próprio Gilberto Mendonça Teles, um pouco mais tarde, como poeta e crítico de literatura. Uma de suas obras fundamentais é A poesia em Goiás, além de Saciologia goiana (poesia) e obras de referência, no gênero ensaio, estudando os manifestos da modernidade literária, e a poesia de Carlos Drummond de Andrade. Neste período destacaram-se também o romancista e contista Eli Brasiliense, com “Chão vermelho” e “Pium”. Bariano Ortêncio estreou em 1956, com O que foi pelo sertão. Ficcionista, cronista e folclorista, Bariani Ortêncio é uma das mais destacadas personalidades literárias de Goiás.

Marcam ainda este período autores como Ursulino Leão, romancista, contista e cronista, sendo o romance Maya um de seus trabalhos mais aplaudidos. Outros autores também destacaram-se, como Pedro Celestino, Geraldo Ramos Jubé, Monsenhor Primo Vieira, José Lopes Rodrigues, Demóstenes Cristino, Basileu Toledo França, Regina Lacerda, Rosarita Fleury, Nelly Alves de Almeida, Jesus Barros Boquady, Getúlio Vaz, Mário Rizério Leite, Leo Godoy Otero e Ada Curado.

Literatura Goiana - Parte IV

O terceiro período da evolução histórica de Goiás, assinala Coelho Vaz – inicia-se com a instalação do curso da Academia de Direito, a fundação da Academia de Letras e a revolução de 1030. A publicação do livro Ontem, de Leo Lynce, marca o surgimento do modernismo em Goiás, com atraso de seis anos, em relação à Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo, em 1922. O mais expressivo e talentoso autor deste período foi, inegavelmente, Hugo de Carvalho Ramos, autor de Tropas e boiadas.

Em estilo regionalista que provocou impacto, logo após sua publicação, este autor goiano mereceu saudação entusiástica, por parte de Monteiro Lobato, e de outros escritores e críticos de sua época. Reconhecido como gênio literário, por parte da crítica, Hugo de Carvalho Ramos não conheceu a glória literária, pois que matou-se, ainda muito jovem, em meio a uma crise de depressão. Os nomes que marcaram este período foram, portanto, Hugo de Carvalho Ramos, com Tropas e boiadas e, na poesia, Leo Lynce, com Ontem, título contraditório, pois que colocava a longínqua paisagem do sertão profundo de Goiás no cenário da modernidade literária brasileira.

Literatura Goiana - Parte III

O segundo período vai de 1830 a 1903, da publicação do primeiro jornal goiano à instalação da Academia de Direito de Goiás, e a fundação da Academia de Letras, na cidade de Goiás, sede da capital da Província. “Em quase um século, muitos acontecimentos marcaram a vida cultural do Estado. Ainda no século XIX, foram criados o Liceu de Goiás e a primeira biblioteca pública, o Gabinete Literário Goiano, o Teatro São Joaquim, o seminário Santa Cruz, onde se formaram notáveis personalidades da vida cultural de nosso Estado. Bernardo Guimarães, importante romancista, reside em Catalão, na condição de Juiz de Direito nomeado.

O primeiro livro impresso, já em 1863, foi Viagem ao rio Araguaia, de autoria de Couto Magalhães, então governador. O vulto literário mais importante desta época é o poeta romântico Antônio Félix de Bulhões Jardim (1845-1887), que defendia ideais abolicionistas. Outros nomes importantes do período foram os poetas Higino Rodrigues (1869-1906), autor do famoso soneto A pinta preta, Manoel Lopes de Carvalho Ramos (1865-1911), autor do célebre poema Goyania, e mais Edmundo Xavier de Barros, Alceu Victor Rodrigues, Genuíno Correa, Matias da Gama e Silva e Augusto Eliseu.

Literatura Goiana - Parte II

Depois de quase um século do descobrimento (ou achamento) das minas auríferas na região onde os bandeirantes paulistas construiriam Vila Boa, quase nada se escreveu por estas paragens do Goyaz profundo, a não ser os depoimentos de viajantes que andaram pela província, deixando relatos importantes, como os deixados por Cunha Mattos e Alencastre. De cunha Mattos até hoje se impõe, por sua verdade e atualidade, uma frase de sabor picante: “Em Goyaz as pessoas batem mais com a língua do que com as armas”. Gilberto Mendonça Teles, poeta, professor e crítico literário, assinala, em sua importante obra A poesia em Goiás, que a história de nossa literatura se divide em seis períodos. O primeiro coincide com o descobrimento de Goiás até 1830, quando publica-se o primeiro jornal da província, A matutina Meiapontense.

Em obra intitulada “Literatura goiana – síntese histórica”, que escreveu quando proferiu palestra sobre literatura goiana, no Canadá, o acadêmico Geraldo Coelho Vaz atesta que o primeiro poeta brasileiro a se referir a Goiás usava o pseudônimo de Antonio Cordovil. Seu verdadeiro nome era Antônio Lopes da Cruz, que escreveu o Ditirambo às ninfas goianas – em verdade, usou as musas e ninfas como pretexto para bajular o governador Tristão da Cunha Menezes, que o nomeara como professor. Uma moda que pegou entre nós, entre escribas maiores e menores.

Literatura Goiana - Parte I

Uma síntese da literatura goiana (ou da literatura brasileira feita em Goiás, como muitos preferem) para ser justa, tem de começar pelo reconhecimento, sem ranço de ufanismo, da expressividade e qualidade do que aqui se escreve e publica. Tal fato é reconhecido por críticos de nomeada, de grandes centros culturais – não obstante o nariz arrebitado de jactância e vanglória, de alguns intelectuais, encastelados nas torres de marfim até de universidades públicas – os quais insistem em amesquinhar sua importância, e não reconhecer tal qualidade. Tal provincianismo, porém, não conseguiu impedir que se firmassem como escritores de prestígio nacional, e mesmo internacional, escritores como Hugo de Carvalho Ramos, Bernardo Elis, José J. Veiga e Cora Coralina.

QUEM FOI MIGUEL DE CERVANTES.

Miguel de Cervantes Saavedra nasceu em Alcalá de Henares, Espanha, em 29 de setembro de 1547. Viveu a infância em seu país natal, na cidade de Valladolid. Estudou em Madri e Sevilha, que na época era a capital artística e financeira da Europa. Aos 24 anos serviu no exército espanhol, foi ferido durante uma batalha naval e perdeu os movimentos de uma das mãos.

Em outra ocasião, foi feito prisioneiro e vendido como escravo por piratas argelinos. Só escapou porque um monge pagou o resgate pedido. Voltou à Espanha e passou por dificuldades, pois suas obras literárias não lhe rendiam dinheiro.

Trabalhou como coletor de impostos (grãos e azeite) e foi nomeado Corsário Real. Por não saber matemática, foi enganado por outros corsários, acusado de fraudes na arrecadação e preso.

Aos 58 anos, em 1605, sua obra Dom Quixote fez tanto sucesso que ele pode se dedicar apenas à literatura, escrevendo textos para o teatro, poemas e contos, reunidos no livro Novelas Exemplares.

Morreu em 23 de abril de 1616, em Madri, Espanha.

Vozes d'África (fragmento).

Hoje em meu sangue a América se nutre

- Condor que transformara-se em abutre,

Ave da escravidão.

Ela juntou-se às mais... irmã traidora!

Qual de José os vis irmãos, outrora,

Venderam seu irmão!


Basta, Senhor! De teu potente braço

Role através dos astros e do espaço

Perdão p'ra os crimes meus!

Há dois mil anos eu soluço um grito...

Escuta o brado meu lá no infinito,

Meu Deus! Senhor, meu Deus!!!...


(Castro Alves)

Se eu morresse amanhã (fragmento).

Se eu morresse amanhã, viria ao menos

Fechar meus olhos minha triste irmã;

Minha mãe de saudade morreria


Quanta glória pressinto em meu futuro!

Que aurora de porvir e que manhã!

Eu perdera chorando essas coroas,

Se eu morresse amanhã!


(Alvares de Azevedo).

Juca Pirama (fragmento)

No meio das tabas de amenos verdores

Cercadas de troncos – cobertos de flores,

Alteiam-se os tetos d'altiva nação;

São muitos seus filhos, nos ânimos fortes,

Temíveis na guerra, que em densas cortes

Assombram das matas a imensa extensão.


São rudes, severos, sedentos de glória,

Já prélios incitam, já cantam vitória,

Já meigos atendem à voz do cantor:

São todos Timbiras, guerreiros valentes!

Seu nome lá voa na boca das gentes,

Condão de prodígios, de glória e terror!


(Gonçalves Dias)


Romantismo em Portugal

O Romantismo português apresenta como marco inicial a publicação, em 1825, do poema “Camões”, de Almeida Garrett. Estende-se até 1865, quando os meios literários portugueses assistem à Questão Coimbra, polêmica que envolveu românticos e realista, com a vitória destes últimos.

Os primeiros anos do Romantismo português coincidem com as lutas políticas entre liberais e conservadores, que levariam os lusitanos à guerra civil (1832 – 1834). Com a vitória do liberalismo burguês, diminui o poder da monarquia e desaparece a censura absolutista, criando, assim, um ambiente propício à divulgação das novas ideias românticas.

Em Portugal, o Romantismo pode ser dividido em dois grandes momentos:

1 - Uma primeira geração, caracterizada por autores de formação neoclássica mas que foram os responsáveis pela consolidação do novo estilo; os dois autores de maior destaque foram Almeida Garrett e Alexandre Herculano.

2 - Uma segunda geração, caracterizada pela radicalização de certas posturas românticas, daí ser chamada de ultra-romantismo; o principal escritor dessa geração foi Camilo Castelo Branco.