Cora Coralina

Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, que o mundo conhece como Cora Coralina, nasce em Vila Boa de Goiás (Goiás Velho) a 20 de agosto de 1889. Órfã de pai, chega apenas ao quarto "livro" do primário.
A mãe não gosta dessa coisa de estudo. Moça "sabida" não consegue marido. Aninha prefere ler a ir ao baile e, aos 14 anos, publica o primeiro conto. Para sossego de dona Jacinta, aos 22 anos a filha casa com Cantídio Bretas, juiz de direito, 44 anos.
O casal se muda para Avaré, interior de São Paulo. A esperada vida nova se torna martírio: "Ele tinha a tara do ciúme, de dia e de noite. (...) Era mais culto e eu, mais inteligente. Ele não me perdoava isso. Não pude me apegar a ele, porque ele não me deu nenhuma oportunidade."
Viúva aos 46 anos e com três filhos para criar (a mais velha já estava casada), Aninha arregaça as mangas. Vende livros, lingüiça caseira, banha de porco. Compra sítio em Andradina (SP) e trabalha na roça durante 16 anos. Filhos criados, tem fim a história de Aninha. Nasce Cora Coralina.
De onde tirou o nome? "Em Goiás, havia muitas Anas por causa da padroeira da cidade, Santa Ana. Não queria que nenhuma Ana mais bonita levasse as glórias da minha poesia. Cora vem de coração. Coralina é a cor vermelha. Cora Coralina é um coração vermelho. Minha intenção era não ter xará."
Em 1956, volta para sua Goiás. Vende doces para comprar a antiga casa da família. Objetivo atingido, pode finalmente dedicar-se apenas à poesia. Aos 75 anos, lança o primeiro livro, Poemas dos Becos de Goiás e Estórias Mais. Depois, Meu Livro de Cordel e Vintém de Cobre - Meias Confissões de Aninha. É premiada e festejada. Produz material suficiente para mais três livros, editados postumamente. Morre a 10 de abril de 1985. De sua vida e obra, fica a lição de otimismo:

Nunca escreverei uma palavra para lamentar a vida. Meu verso tem cheiro dos currais: é a água corrente, é tronco, é fronde, é folha, é semente, é vida