Renascimento.

O despertar de um novo espírito de curiosidade intelectual e artística foi a característica dominante do Renascimento. Esse fenômeno político, religioso e filosófico postulou o ressurgimento do espírito da Grécia antiga e de Roma. Na literatura, isso significou um interesse renovado e a releitura dos grandes escritores clássicos. Acadêmicos buscaram e traduziram textos antigos "perdidos", cuja disseminação foi possível graças aos progressos da imprensa na Europa, a partir de 1450.

A arte e a literatura atingiram no Renascimento uma estatura nunca vista em períodos anteriores. A época foi marcada por três situações históricas principais: primeiramente, o novo interesse pelo saber, representado pelos acadêmicos clássicos conhecidos como humanistas, que forneceram modelos clássicos de grande interesse para os novos escritores; segundo, a nova forma do cristianismo, iniciada pela Reforma protestante liderada por Lutero, que chamou a atenção dos homens para o indivíduo e sua vida interior, a ponto de gerar nos países católicos a réplica da Contra-Reforma; em terceiro lugar, as grandes navegações, que culminaram com a descoberta da América em 1492 por Colombo, com repercussão nos países que fundaram impérios ultramarinos, assim como na imaginação e consciência da maior parte dos escritores da época.

A esses devem adicionar-se muitos outros fatores, como o progresso da ciência e da astronomia, e a situação política da Itália no fim do século XV. A nova liberdade e o espírito inquiridor nas cidades-estados italianas favoreceram o aparecimento dos grandes precursores do Renascimento: Dante, Petrarca e Boccaccio. Na França, o Renascimento manifestou-se na poesia dos componentes do grupo conhecido como Pléiade e nos ensaios de Michel de Montaigne, enquanto em Portugal o grande poeta épico Camões marcava a fundo o século XVI e, na Espanha de meio século depois, revelava-se Cervantes.

No século XVI, o acadêmico holandês Erasmo sintetizou a evolução do humanismo, que incorporava o espírito da curiosidade crítica, o interesse pelo saber clássico, a intolerância para com a superstição e um profundo respeito pelo homem como a mais complexa das criações de Deus. Um aspecto da influência da Reforma protestante na literatura foi a grande quantidade, nesse período, de traduções da Bíblia em línguas vernáculas, o que estabeleceu novos modelos para a prosa. O ímpeto renascentista manteve-se vigoroso até o século XVII, quando John Milton sintetizou o espírito do humanismo cristão.

Século XVII. Na política e na sociedade, tanto quanto na literatura, o século XVII foi um período de grandes turbulências. O Renascimento preparara o ambiente receptivo essencial para a disseminação das idéias da nova ciência e da filosofia. Uma retrospectiva autêntica dessa fase também precisa levar em conta o efeito das convulsões sociais e políticas ocorridas do início aos meados do século. Na Inglaterra, houve a guerra civil (1642-1651) e a restauração da monarquia (1660); na França, as insurreições da Fronde (1648-1653), nas quais estava envolvido La Fontaine; na Alemanha, os conflitos religiosos e políticos da guerra dos trinta anos (1618-1648); e, nos Países Baixos, a luta pela independência da Espanha (1568-1648).

As lutas civis, políticas e religiosas que dominaram a primeira metade do século eram também uma resposta à Contra-Reforma. Referências ao conflito religioso se infiltraram nas formas e temas da literatura. Uma reação a isso -- particularmente na Itália, na Alemanha e na Espanha, mas também na França e na Inglaterra -- foi o desenvolvimento de um estilo em arte e literatura conhecido como barroco, mais peculiar à obra de Giambattista Marino, na Itália, Luis de Góngora na Espanha e Martin Opitz von Bobenfeld na Alemanha. Na Inglaterra, a poesia metafísica era a principal tendência do verso inglês da primeira metade do século. Essa denominação, primeiramente aplicada por Dryden à obra de John Donne, é hoje utilizada para designar um grupo de poetas diferençados por seus estilos individuais, altamente intelectualizados, que tinham afinidades com a literatura barroca, especialmente no caso de Richard Crashaw.

Possivelmente, o traço mais vivo do século XVII tenha sido o conflito entre a tendência a continuar imitando os clássicos do Renascimento e a aspiração à novidade trazida pelos cientistas e pensadores, bem como pelas novas experiências com novas formas literárias. Em todos os países, delineou-se o conflito entre antigos e modernos, estes a exigir um estilo de prosa mais adequado aos novos tempos de ciência e exploração. Os modernos, na França, eram seguidores de Descartes. Na Inglaterra, encontrava-se uma tendência similar no trabalho da Royal Society, que incentivava o uso de uma linguagem mais simples, uma maneira de falar mais transparente e natural, adequada ao discurso racional, comparável às grandes realizações da prosa de Milton e Dryden.

Século XVIII. Sobre o século XVIII pesaram, quase nas mesmas proporções, dois impulsos básicos: razão e paixão. O respeito à razão se revelava na busca da ordem, da simetria, do decoro e do conhecimento científico; o cultivo dos sentimentos estimulou a filantropia, a exaltação das relações pessoais, o fervor religioso e o culto da sensibilidade. Na literatura, o impulso racional favoreceu a sátira, o debate, a inteligência e a prosa simples; a paixão inspirou o romance psicológico e a poesia do sublime.

O culto da inteligência, da sátira e do debate fez-se evidente, na Inglaterra, nas obras de Alexander Pope, Jonathan Swift e Samuel Johnson, em conformidade com a tradição de Dryden, do século XVII. O romance tornou-se uma forma de arte maior na literatura inglesa, em parte pelo realismo racionalista das obras de Henry Fielding, Daniel Defoe e Tobias Smollett e, em parte, pela perquirição psicológica dos romances de Samuel Richardson e do Tristram Shandy, de Laurence Sterne. Na França, as obras mais representativas do período são os textos filosóficos e políticos do Iluminismo, sobretudo os de Voltaire e de Rousseau, de profunda influência em toda a Europa e prenúncios teóricos da revolução que se avizinhava.

Na Alemanha, que por algum tempo seguiu os modelos francês e inglês, a grande época da literatura veio no fim do século, quando o cultivo dos sentimentos e da grandeza emocional encontrou sua mais poderosa expressão no movimento conhecido como Sturm und Drang (Tempestade e Tensão). Dois grandes nomes da literatura alemã e universal, Goethe e Schiller, autores de teatro e poesia, avançaram muito além da turbulência do Sturm und Drang.

Século XIX. Um dos períodos mais interessantes e vitais de toda a história das literaturas foi o século XIX, de especial interesse por ser a época de formação de muitas tendências literárias modernas. Nesse período, nasceram ou começaram a se formar o romantismo, o simbolismo e o realismo, assim como algumas das vertentes do modernismo do século XX.